Este destino é pouco conhecido, mas muito muito legal: é o Vale do Catimbau! Rimou =)
Trata-se do segundo maior sítio arqueológico do Brasil, com pinturas rupestres de mais de 6 mil anos. Fica em Buíque, uma cidadezinha do interior do estado de Pernambuco. As paisagens são lindas! Aquelas cores avermelhadas do sertão/agreste, a vegetação, pinturas rupestres… É lindo! As trilhas não são difíceis de fazer, de dificuldade leve a moderada. O parque ainda é muito desconhecido e o turismo mal explorado na região, o que é uma pena. São poucas as opções de hospedagem e restaurantes por lá. Na Vila do Catimbau não tem nada pra fazer à noite. Umas 20h/20:30 os poucos estabelecimentos fecham e as ruas ficam desertas, só as igrejas tem algum movimento. Então não vá esperando badalação, é uma viagem pra descansar e curtir a natureza!
O Parque Nacional do Catimbau tem cerca de 62 mil hectares e para fazer as trilhas do parque é bom ter um carro para ir até determinado ponto e é necessário um guia. Liguei com uma semana de antecedência pra Associação de Guias do parque (87 3816-3052) e agendei as trilhas com o Zé Pereira. A diária do guia é 100 reais e inclui 3 pontos de visitação. Além disso, você paga 2 reais por pessoa em cada ponto de visitação.
Trilhas: No primeiro dia nós fizemos as trilhas do Chapadão, Homem sem cabeça e Igrejinha. Depois visitamos o atelier do Luís Benício e do Zé Bezerra, que fazem esculturas de madeira. Encerramos o dia com chave de ouro na trilha do pôr do sol. E que pôr do sol!
Começamos pela trilha do Chapadão, que nos proporciona aquela vista clássica do Parque Nacional: os paredões coloridos e o vale. É lindo!

Em seguida, continuamos a caminhada até a trilha da Igrejinha, que tem esse nome porque uma mancha nas pedras se assemelha à imagem de Nossa Senhora (eu não achei, mas tudo bem… hahaha) e um buraco entre as pedras se assemelha a um portal.
Trilha da Igrejinha
Continuando a caminhada, chegamos na trilha dos Homens sem Cabeça, que tem esse nome devido às pinturas rupestres encontradas nas pedras, que representam uma batalha entre tribos onde os perdedores tinham suas cabeças arrancadas. Coitados!
Pinturas rupestres
Na volta das trilhas, paramos no atelier do Seu Zé Bezerra. Ele é um artesão que faz esculturas em madeira, super simpático, uma figura! Ele nos falou sobre suas esculturas, mostrou os instrumentos musicais que ele criou, tocou e cantou pra gente! Nos divertimos! Valeu muito a visita.
Atelier do Zé Bezerra
De lá, nós fomos no atelier do Luís Benício, que também faz esculturas de madeira. Mas não tivemos o prazer de conhecê-lo. Fomos muito bem recebidos pela sua esposa e levamos um cacto de madeira de lembrança! Está enfeitando a nossa sala =)
Atelier do Luís Benício
Depois de tudo isso, almoçamos na nossa pousada, tiramos um cochilo rápido e partimos pra trilha do pôr do sol. No caminho, passamos por pedras super coloridas, lindas! E depois ficamos sentados nas pedras curtindo o pôr do sol em tons de vermelho, laranja e rosa que eu nunca vi. Foi inesquecível!
Trilha do pôr do sol
Dia 2: No segundo dia, fizemos as trilhas do Cachorro, casa da Farinha, das Torres e Lapiais.
A trilha do Cachorro tem esse nome porque percorremos grande parte dela de frente pra Pedra do Cachorro, que tem o formato parecido ao de um cachorro sentado.

A trilha da Casa de Farinha é chamada assim porque ao fim da trilha, debaixo de uma pedra, foi construído um forno à lenha. Lá processavam a mandioca para fazer a farinha que conhecemos e a fumaça decorrente do processo manchou as pedras, tampando algumas pinturas rupestres de forma irreversível. Uma pena.
Casa de Farinha
De lá, seguimos pra trilha das Torres, que tem esse nome por causa das várias pedras mais altas (de 3 a 10 metros de altura), como essas da foto abaixo, que se parecem torres.

Continuando a caminhada, chegamos na trilha dos Lapiais, que como o próprio nome diz, nos leva até os lapiais que são essas formações geológicas super coloridas em tons de vermelho, branco e amarelo, devido ao processo de erosão.

Essa viagem me fez refletir bastante. Conversando com os moradores da região e observando o estilo de vida deles, nos deparamos com outro Brasil. A cidade tem pouquíssimos restaurantes, não tem cinema, não tem shopping, lugares com wi-fi são muito raros… Eu que cresci em cidade grande não sei se conseguiria me acostumar com esse estilo de vida. Mas é ótimo viajar pra lugares assim pra desacelerar, desligar de tudo e dar aquela relaxada! É um detox da vida corrida e conectada do dia a dia.
Choveu muito um dia antes de irmos pra lá. Quando chegamos, vimos várias pessoas carregando baldes de charrete, bicicleta e a pé, indo pegar água da chuva de poças que se formaram no chão. A água saía bem turva, com lama, e elas iam esperar decantar e usar a água pra banho, lavar pratos, etc. Essa região já ficou 2 anos sem ver chuva. Deve ser muito duro… Mas nem por isso os moradores de lá são pessoas tristes, muito pelo contrário. Todos com quem conversei eram muito alegres e hospitaleiros. E a gente perguntava se eles gostariam de se mudar de lá e todos diziam não ter nenhuma intenção de sair dali pra qualquer outro lugar. Pareciam genuinamente felizes!
Fotos pelo caminho…
Hospedagem: Todas as opções do lugar são muito simples, sem luxo nenhum! Reservamos a Pousada Santos, no centro de Buíque (diária 100 reais, tel 87 3855- 1267) que nos disseram ser a melhor, mas não pudemos nos hospedar lá, pois eles estavam sem luz. Quando chegamos na pousada Santos já era de noite e a cidade parecia deserta, então tivemos que nos hospedar no lugar mais próximo e por isso passamos uma noite na pousada Flananda. Essa pousada é muito simples, não tão limpa, o quarto que ficamos não tinha janela… Não indico a hospedagem lá, mas nós não tínhamos opção. No dia seguinte, nós fomos pra Vila do Catimbau que fica bem próxima ao parque, uns 10km do centro de Buíque, e ficamos na Pousada Maria Vitória. A vantagem de ficar na vila e não no centro de Buíque é que você fica bem perto do parque e evita pegar a estrada de terra pra ir e voltar todo dia. Na pousada Maria Vitória as 3 refeições estão inclusas e a diária foi 90 reais por pessoa. Gostei de me hospedar lá: pousada muito simples, mas bem limpinha, comida gostosa e a Lia e o Valdecir, donos da pousada, são uns amores (Tel: 87 99669-4689; 99826-3334; 99826-3334; 3816-3116).

Como chegar? Foram 3h30min de carro até Buíque, partindo de Recife. Seguimos pela estrada BR-232 no sentido litoral-sertão. Ao chegar em Arcoverde, pegamos a estrada PE-270 sentido sul.
Dicas:
- Levar toalha de banho, pois muitas pousadas não oferecem. Recomendo também levar roupa de cama.
- Acho que o tempo ideal pra curtir o lugar são 3 dias.
- Levar repelente, filtro solar e se possível lanterna. E importante: levar um casaco! A noite faz muito frio. A amplitude térmica no sertão é enorme: muito calor de dia, muito frio de noite.
- Telefones úteis: Associação de guias do parque: (87) 3816-3052; Zé Almeida (guia): (87) 99663-7207; João (guia): (87) 9994-4495.
Thats all folks!
Não percam uma oportunidade de ir nesse parque, cheio de paisagens únicas!
Beijocas,
Pri
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